“O ÚLTIMO HOMEM”, DE MARY SHELLEY, EM VERSÃO BILÍNGUE, NOS 210 ANOS DO NASCIMENTO DA AUTORA.
O ÚLTIMO HOMEM foi escrito por Mary Shelley em 1826 e publicado na Inglaterra em três volumes logo após à morte de seu marido, construindo uma visão do futuro, descrita a partir de um manuscrito profético, onde é apresentado o final da humanidade.
O protagonista da história, Lionel Verney, filho de uma família nobre lançada à pobreza, pela rudeza e orgulho desmedido, ao longo da narração é transformado, psicológica e emocionalmente, através de suas relações com amigos e familiares e da terrível guerra que assola o mundo, cujas conseqüências levariam a Humanidade à destruição: uma praga que gradualmente mata a todos, homens e mulheres, sendo Verney o único humano imune que testemunha a gradual destruição de todos a sua volta.
Ambientado no século XXI, o romance apresenta seis personagens cujas vidas, independente de tempo e localização, estão entre a suposta última geração de humanos sobre a superfície da Terra, destruída por uma praga incontrolável: o narrador e último sobrevivente, Lionel Verney; sua irmã, Perdita, esposa de Lorde Raymond, aventureiro, herói, membro da nobreza, e finalmente, chefe de estado da Inglaterra (esta uma república governada por um lorde protetor eleito); Adrian, Conde de Windsor, filho do último rei da Inglaterra; a irmã de Adrian, princesa Idris, que desafia sua mãe, a condessa de Windsor e casa-se com Lionel; e Evadne, uma princesa grega, amada por Adrian, mas que o rejeita em favor de sua paixão por Raymond, o que resulta em um romance adúltero.
A vida dos personagens é apresentada em um contexto no qual os interesses pessoais e domésticos são substituídos pelas exigências políticas, e estas suplantadas por uma praga incontrolável que engolfa toda a espécie humana.
Na introdução do livro, um narrador desconhecido afirma ter encontrado na caverna da sibila Cumana, sacerdotisa de Apolo, um manuscrito escrito por esta última, onde são descritos acontecimentos narrados que ocorrerão dois séculos depois, contando como a humanidade seria destruída. Verney é mostrado inicialmente como um homem impulsivo, valorizado pelos arroubos da juventude, cuja lei do mais forte acaba por remodelando sua alma, através do amor, o único poder verdadeiro, transformando-o em uma figura heróica, humana, apesar de educada e sensível.
O ÚLTIMO HOMEM é um conto de fadas para adultos, com cenas de batalhas vividamente descritas, mortes por pragas incuráveis e amores ardentes. Se O ÚLTIMO
HOMEM é um romance de ficção científica, é notável a ausência de termos tecnológicos e invenções além do seu tempo, geralmente associados ao gênero. Ao lado das descrições sobre a ciência médica e epidemiológica, um tema tecnológico central descrito no livro é o balonismo, imaginado como sendo o principal meio de transporte no século XXI.
Entretanto, a figura do balão associa-se mais à sua figura simbólica do que ao artefato em si: como resquício do século XVIII e seu Iluminismo, servindo como símbolo do conhecimento universal, progresso científico e conquista ‘prometeana’ da natureza pela razão humana, além da representação das profundas alterações sociais e culturais produzidas pelas revoluções do século XVIII, sobretudo a Revolução Francesa.
MARY WOLLSTONECRAFT SHELLEY (1797-1851), mais conhecida por Mary Shelley foi uma escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da pedagoga e escritora Mary Wollstonecraft. Manteve um relacionamento longo com o poeta Percy Shelley, casando-se com o mesmo em 1816, depois do suicídio de sua primeira esposa. Sua obra mais famosa é "Frankenstein, ou Moderno Prometeus" escrita entre 1816 e 1817.
O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental. Esta obra foi escrita após o encontro do casal Shelley com Byron, em sua mansão às margens do Lago Genebra, encontro este que produziu uma série de textos, poemas, romances de autoria de Byron, e do casal Shelley.
O casal mudou-se para a Itália, onde sofre a perda de dois filhos, além do falecimento de seu marido em 1822 em um naufrágio próximo a Livorno, lançando-a em um longo período de recolhimento. Apesar da relação conturbada com o marido, Mary passou a reverenciá-lo após sua morte, com a organização de toda sua vasta produção poética. Entrementes, Mary encontrou tempo para produzir outras obras, contudo sem a mesma qualidade de "Frankenstein". Em 1826, Mary produz o que a crítica especializada considera sua melhor obra "O ÚLTIMO HOMEM", pioneira da ficção científica que influenciou toda uma geração de escritores deste gênero na Inglaterra, entre eles H. G. Wells.
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